quinta-feira, 22 de abril de 2010


há muitos tipos de corações. há corações pequenos e tímidos, há corações onde é preciso meter requerimentos de papel azul e selo de garantia para abrirem as portas, há corações com trancas, segredos e sistema de alarme que são como cofres de bancos. há corações que são como casas antigas, cheios de mistérios e fantasmas, com jardins secretos e sótãos poeirentos, carregados de memórias e recordações. há corações viajantes, temerários e corajosos, como barcos à vela que nos parecem bonitos ao longe, mas que nos deixam sempre na boca o sabor amargo de nunca os conseguirmos abarcar. há corações rebeldes e selvagens que não suportam laços nem correntes, corações que correm tão depressa como chitas e matam como leoas, e depois há corações gnus, que sabem que vão ser caçados mas não fogem ao seu destino.. mas há ainda uma ou outra espécie de corações, os corações hospedeiros que sabem receber e fazem sentir os outros corações como se estivessem em casa, que dão e aceitam amor sem se fixarem, que tratam cada passageiro como se fosse o último, enquanto procuram o coração gémeo, sempre na esperança, secreta e nunca perdida de um dia deixarem de viajar e sossegarem para a vida.

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